quarta-feira, 27 de julho de 2011

O despertar dos mágicos: os mitos da economia conservadora

Economia 15/07/2011 Copyleft

O despertar dos mágicos: os mitos da economia conservadora

As teorias dos economistas conservadores foram totalmente desmentidas pela crise. Eles deveriam estar escondidos cheios de vergonha. Mas não é isso que acontece. Muito pelo contrário. Os economistas conservadores ganharam mais força. Por quê? A razão é que os mitos em que fundamentam as suas posições são profundamente enraizados numa cosmovisão básica, de uma grande quantidade de pessoas, para não dizer da maioria das pessoas. Os mitos sobre a economia que se foram perpetuando nas escolas de economia, fundiram-se com as crenças mais ingênuas e perigosas dos nossos tempos. O artigo é de Alejandro Nadal.

Alejandro Nadal - La Jornada

Os economistas conservadores saíram desacreditados pela crise. Ao fim e ao cabo eles prometeram igualdade, prosperidade e até um mundo menos doente do ponto de vista ambiental. A única coisa que nos deram foi um colapso econômico gigantesco, com desemprego e pobreza. Deveriam estar escondidos cheios de vergonha.

Mas não é isso que acontece. Muito pelo contrário. Os economistas conservadores ganharam mais força. Por quê? A razão é que os mitos em que fundamentam as suas posições são profundamente enraizados numa cosmovisão básica, de uma grande quantidade de pessoas, para não dizer da maioria das pessoas.

Na arca de mitos em que se fundamenta a economia conservadora ou neo-clássica, existem três particularmente importantes. Não importa quanta evidência empírica de sentido contrário você possa encontrar, nunca poderá convencer os fiéis desses dogmas. De qualquer forma, aqui lhes oferecemos algumas pedras para atirar às brilhantes vitrinas em que têm essas crenças.

O primeiro mito está baseado na ideia de que o mundo da economia forma um sistema autônomo que regula a si mesmo. A metáfora mais bem sucedida (e perigosa) é que a economia é uma espécie de máquina. E como se regula, há que deixá-la trabalhar sem perturbar a sua dinâmica.

A teoria econômica passou mais de 200 anos a tentar provar que de fato o sistema econômico se auto-regula e que, portanto, não necessita de intervenção do governo nem da esfera da política. A evidência de crises recorrentes poderia ter sido suficiente para provar o contrário. Mas, confrontados com histórias de crise, os neoclássicos podiam sempre argumentar que foram causadas justamente por intervenções irresponsáveis dos governos.

O debate deslocou-se para o mundo dos modelos matemáticos. O programa de investigação dos economistas era simples: construir um modelo matemático capaz de reproduzir as condições em que as forças de mercado conduzem ao equilíbrio. Mas o modelo mais sofisticado e refinado da teoria econômica neoclássica demonstrou que, em geral (salvo exceções aberrantes) o sistema de mercado é instável. Então, para onde quer que se olhe: ou história econômica ou modelos matemáticos puros, a verdade é que a ideia de mercados auto-regulados que conduzem ao equilíbrio não tem nenhuma base racional.

O segundo mito é que a economia de um governo é como uma casa. E tal como uma família tem de medir o seu consumo, o governo também tem que restringir o gasto para baixar o montante dos seus rendimentos. Desta visão vem a ideia de que em tempos de crise, tal como o faria uma família, há que apertar o cinto. É o que recomendam constantemente os chamados falcões da austeridade fiscal no debate sobre a política fiscal em todo o mundo.

A realidade é diferente. Para começar, as famílias não podem estabelecer carga fiscais e colectar receitas através de impostos. Nem vi famílias que vivam centenas de anos, que incorram num déficit constante e que acumulem dívida, como fazem os governos. Normalmente as dívidas domésticas têm de ser resolvidas de uma forma ou de outra.

No limite, os governos podem emitir moeda, algo que os particulares também não podem fazer. Alguns dirão que precisamente para evitar abusos se deu autonomia ao Banco Central. Mas se você observar com cuidado o comportamento da Reserva Federal dos EUA pode constatar que a política monetária não se assemelha nada ao comportamento de uma família.

O terceiro mito é que cada classe social ou grupo recebe como remuneração aquilo com que contribui para a economia. Essa crença é a que está mais profundamente enraizada nas pessoas e atravessa o espectro de todas as classes sociais. Parece que em algum lugar no imaginário coletivo habita a lenda de que o rendimento das pessoas é proporcional à sua contribuição para o produto nacional. O corolário é que a ordem econômica é justa, mas a realidade é que nada na teoria econômica dá sustento a esta ideia. A distribuição de rendimento não está determinada por qualquer lei ou outro mecanismo econômico.

Simplesmente e apenas depende das relações de poder.

Isso não significa que as variáveis econômicas não sejam importantes. Pelo contrário. São muito mais importantes do que se pensa quando se coloca uma das lentes deste mito pernicioso que tudo distorce. O saldo fiscal, a inflação, a criação de moeda e nível salarial, tudo isso merece uma atenção cuidadosa, sem mitologias e crenças mais relacionados com a bruxaria do que com o pensamento racional.

Os mitos sobre a economia que se foram perpetuando nas escolas e faculdades de economia, fundiram-se com as crenças mais ingênuas e perigosas dos nossos tempos. Talvez essas crenças tenham mais a ver com aquelas Forze elementari sobre as quais escreveu Gramsci na sua análise sobre o fascismo.

(*) Traduzido por Paula Sequeiros para o Esquerda.net

Copiado da Revista Carta Maior, do sitio:

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18061

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A violência capitalista

A continuidade da crise capitalista na Europa, com o desancar do império Murdoch e com o assassinato em massa promovido por um dos monstros criados pela imprensa mentirosa, toma a cada dia contornos de proximidade com a realidade.



As criaturas deformadas geneticamente pelas mentiras contumazes da mídia estão se voltando contra os criadores, contra o próprio povo que nela acredita e apóia mentiras como a de que a invasão do Iraque e Afeganistão se deu por motivos justos.


O incitamento a violência e a discriminação de minorias propostas por políticos direitistas e apoiadas pela mídia preconceituosa faz crescer a intolerância cada dia maior produzindo resultados esperados, como o banimento de véus islâmicos na França, e inesperados, como essa mortandade na Noruega.


Com isso, o fosso capitalista cava mais fundo até o momento que este desmoronará.

A presidenta Dilma e a faxina

A presidenta Dilma, continuando a faxina iniciada por Lula (a Polícia Federal prendeu dois governadores durante seu governo – fato inédito no país acostumado com a impunidade acobertada pelos governos anteriores) desancou um bando de oportunistas corruptos do Ministério dos Transportes, da corja do PR, acostumados com o estilo FHC/PSDB/DEMO/Serra de desgovernar e os quais Lula ainda teve que suportar para a manutenção da governabilidade. Com a nova composição da Câmara e do Senado, a possibilidade de imposição de novas diretrizes e o abandono de velhas práticas seriam possíveis, mesmo ao contrário senso da mídia corrupta.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Equador: sentença milionária contra o jornal El Universo

Sentencia

Ecuador: Millonaria sentencia para El Universo.

El Juzgado Décimo Quinto de Garantías Penales centró ayer en la tarde la atención de abogados y los medios de comunicación. El juez Juan Paredes tenía cuatro días de plazo para dictar la sentencia en el juicio contra diario El Universo, sus directivos y el ex editor de Opinión, Emilio Palacio, pero lo hizo en menos de 24 horas.

Según el juez la misma tarde del martes, luego de la audiencia de juzgamiento, comenzó a redactar la resolución. El presidente Rafael Correa, a título personal, presentó una querella penal por supuesta injuria calumniosa. El artículo ‘No a las mentiras’ , autoría de Palacio, generó la demanda.

La sentencia, que consta de 156 páginas, fue conocida aproximadamente a las 17:50, en medio de un despacho abarrotado de medios privados y estatales.

Paredes entregó una copia de su sentencia donde ordena tres años de prisión para Carlos, César y Nicolás Pérez, directivos de El Universo; y para Emilio Palacio. Además, estableció que los querellados deben pagar una indemnización de USD 30 millones; y 10 millones más la Compañía Anónima (CA) El Universo.

Con esa resolución dio paso al pedido de los abogados del presidente Correa, quienes solicitaron los tres años de cárcel para los directivos y el articulista Palacio. Aunque el monto total de la indemnización bajó de USD 80 millones a 40 millones. En su querella Correa argumentó que de “manera premeditada, dolosa y maliciosa a nivel nacional, internacional y mundial” Emilio Palacio le hizo daño con su artículo ‘No a las mentiras’. La columna se refería a la insubordinación policial del 30 de septiembre del 2010.

Según la querella, Palacio cometió el delito de injuria, con la “coadyuva” de los tres hermanos Pérez, y la CA El Universo sirvió para “instrumentalizarlo”.

El juez dijo en la sentencia que “La libertad de expresión tiene su límite. Para aquellas personas que no lo tengan claro, hacer comentarios, opiniones, que traspasen el límite se llama injuria en las leyes ecuatorianas y es un delito como tal, se juzga por la vía penal”. Según Paredes, quedó comprobado “la existencia del delito y de que los acusados o querellados son responsables del mismo”.

Paredes estaba a cargo hasta ayer del Juzgado Décimo Quinto de Garantías Penales, en ausencia del juez titular que se operó de la columna vertebral. Luego de conocida la resolución, el juez no quiso dar declaraciones a los medios, cerró su despacho y se marchó acompañado de cinco policías que llegaron en la tarde.

El Universo rechazó la sentencia que condena a sus directivos a prisión. En un comunicado publicado en la página web del diario mencionó que el “tiempo récord” (menos de 24 horas), de un juez que “asegura haber trabajado hasta las 05:00 de hoy para empaparse del caso”. Además, que la causa estuvo en las manos de cinco jueces. “En síntesis en 33 horas aproximadamente, tomó posesión del cargo, sustanció la audiencia de juzgamiento, estudió más de 5 000 fojas del expediente, escribió 156 carillas de la sentencia, notificó a las partes y se retiró del cargo”.

Los directivos de El Universo anunciaron que sus abogados apelarán la sentencia y agotarán todas las instancias nacionales e internacionales. Hoy, a las 10:00, los hermanos Pérez, Emilio Palacio y sus abogados darán una rueda de prensa en Guayaquil.

Hasta la tarde, en la página web de la Función Judicial del Guayas solo estaba publicada una parte de la “Providencia general” sobre El Universo. El primer texto fue emitido a las 00:15 y constaba de 9 páginas. Según Paredes, el martes una vez que concluyó la audiencia en el caso El Universo, “me vine al despacho y me quedé trabajando hasta la 5 de la mañana. Como esa es mi responsabilidad y está dentro de mi voluntad dictar la resolución lo voy hacer”.

Emilio Palacio fue el primero en advertir a través de su cuenta Twitter de la sentencia. “El juez emitió la sentencia en horas de la madrugada”, escribió ayer Palacio al mediodía. “Yo acabé muerto después de tantas horas de audiencia, él se fue a leer y escribir hasta la madrugada”, comentó Palacio en un mensaje.

Apenas se conoció esa novedad, este Diario consultó a Alembert Vera, uno de los abogados del presidente Correa. Inicialmente dijo que era “falsa” la información. Ya en la noche dijo que se había hecho justicia, “ha ganado la libertad de expresión”. Agregó que apelará la sentencia del juez, para que la Justicia otorgue los USD 80 millones que pide Correa.

León Roldós, defensor de Palacio, calificó de “monstruosidad” el fallo del juez. “Es una de las demostraciones de la justicia sometida al poder”. Además, no cree que en su vida Paredes “haya sentenciado tan velozmente”. Anunció que apelará la sentencia.

Reacciones

Alberto Acosta. Ex Pdte. de la Constituyente, dijo 'Es una expresión del autoritarismo'.
Es una expresión del autoritarismo y de la intolerancia. Es una nueva agresión a la libertad de expresión y advertencia para todas las voces críticas. El control de la Justicia es cada vez mayor.
Fernando Alvarado. Vocero de Carondelet, sostuvo que es 'La relación de poder cambió'.
90 años que el dueño de la imprenta impuso las reglas del juego, hizo uso y abuso del estado de opinión y sometió el Estado de Derecho a su conveniencia. Más allá de la decisión de un juez y de las apelaciones, la relación de poder ha cambiado para bien.
César Montúfar. Asambleísta Concert. Dem., consideró la sentencia como 'Un acto oprobioso y miserable'.
Sencillamente protesto por la oprobiosa sentencia en contra diario El Universo, sus directivos y el periodista Emilio Palacio. Este es otro acto miserable de Rafael Correa.
Gonzalo Marroquín. Presidente de la SIP, cuestionó “No sé cómo el juez escribió 80 páginas.
Es un grave zarpazo a los más esenciales principios de la libertad de información. Nuestro rechazo a este atropello contra el periodismo independiente. Nos solidarizamos con todo el personal de El Universo.
Fundamedios, considera que es “Un precedente nefasto al país'
Es un precedente nefasto por todas las irregularidades de procedimiento, por la mezcla de procesos civiles y penales. La indemnización es desproporcionada.
Eduardo Peña. Pte. C. Comercio Guayaquil, dijo que 'La libertad de expresión triunfó'
El presidente Correa ha ejercido, de una manera autoritaria, una presión inusual sobre las cortes, para lograr un fallo favorable. Ha sido un proceso demasiado rápido.
(Publicado por El Comercio – Ecuador, 21 julio 2011)

Copiado do sítio:
http://la.migalhas.com/mostra_noticia.aspx?cod=137781
 
Opinião:
 
 A imprensa, como se verifica no texto anterior, jamais defende os interesses da sociedade e quando é condenada pelas mentiras que prega, como no caso acima, faz coro dizendo ser vítima de ditadura, de cerceamento da liberdade de imprensa, do autoritarismo.
 
Tornamos-nos reféns da aglutinação de poderes dos meios de comunicação, que mancomunados com o poder econômico e a religião inventam mentiras e distorcem a realidade para a manutenção do lucro.

Agora, quando vemos que o SIP – Sociedade Interamericana de Imprensa é contra a decisão judicial, devemos apoiar tal decisão com veemência, por que se o SIP, órgão patrocinado pela CIA para defender os interesses norte-americanos no continente, é contra, aí sim que devemos ser a favor da justiça e que esta realmente foi feita.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Por que a população não sai às ruas contra a corrupção?

19 de julho de 2011

Por que a população não sai às ruas contra a corrupção?

Da Página do MST

O jornal O Globo publicou uma reportagem no domingo para questionar por que os brasileiros não saem às ruas para protestar contra a corrupção.

Para fazer a matéria, os repórteres Jaqueline Falcão e Marcus Vinicius Gomes entrevistaram os organizadores das manifestações de defesa dos direitos dos homossexuais e da legalização da maconha. E a Coordenação Nacional do MST.

A repórter Jaqueline Falcão enviou as perguntas por correio eletrônico, que foram respondidas pela integrante da coordenação do MST, Marina dos Santos, e enviadas na quinta-feira em torno das 18h, dentro do prazo.

A repórter até então interessada não entrou mais em contato. A reportagem saiu só no domingo. E as respostas não foram aproveitadas.

Por que será?

 
Abaixo, leia as respostas da integrante da Coordenação Nacional do MST, Marina dos Santos, que não saíram em O Globo.

Por que o Brasil não sai às ruas contra a corrupção?

Arrisco uma tentativa de responder essa pergunta ampliando e diversificando o questionamento: por que o Brasil não sai às ruas para as questões políticas que definem os rumos do nosso país? O povo não saiu às ruas para protestar contra as privatizações – privataria – e a corrupção existente no governo FHC. Os casos foram numerosos - tanto é que substituiu-se o Procurador Geral da Republica pela figura do “Engavetador Geral da República”.

Não saiu às ruas quando o governo Lula liberou o plantio de sementes transgênicas, criou facilidades para o comércio de agrotóxicos e deu continuidade a uma política econômica que assegura lucros milionários ao sistema financeiro.

Os que querem que o povo vá às ruas para protestar contra o atual governo federal – ignorando a corrupção que viceja nos ninhos do tucanato - também querem ver o povo nas ruas, praças e campo fazendo política? Estão dispostos a chamar o povo para ir às ruas para exigir Reforma Agrária e Urbana, democratização dos meios de comunicação e a estatização do sistema financeiro?

O povo não é bobo. Não irá às ruas para atender ao chamado de alguns setores das elites porque sabe que a corrupção está entranhada na burguesia brasileira. Basta pedir a apuração e punição dos corruptores do setor privado junto ao estatal para que as vozes que se dizem combater a corrupção diminua, sensivelmente, em quantidade e intensidade.

Por que não vemos indignação contra a corrupção?

Há indignação sim. Mas essa indignação está, praticamente restrita à esfera individual, pessoal, de cada brasileiro. O poderio dos aparatos ideológicos do sistema e as políticas governamentais de cooptação, perseguição e repressão aos movimentos sociais, intensificadas nos governos neoliberais, fragilizaram os setores organizados da sociedade que tinham a capacidade de aglutinar a canalizar para as mobilizações populares as insatisfações que residem na esfera individual.
Esse cenário mudará. E povo voltará a fazer política nas ruas e, inclusive, para combater todas as práticas de corrupção, seja de que governo for. Quando isso ocorrer, alguns que querem ver o povo nas ruas agora assustados usarão seus azedos blogs para exigir que o povo seja tirado das ruas.

As multidões vão às ruas pela marcha da maconha, MST, Parada Gay...e por que não contra a corrupção?

Porque é preciso ter credibilidade junto ao povo para se fazer um chamamento popular. Ter o monopólio da mídia não é suficiente para determinar a vontade e ação do povo. Se fosse assim, os tucanos não perderiam uma eleição, o presidente Hugo Chávez não conseguiria mobilizar a multidão dos pobres em seu país e o governo Lula não terminaria seus dois mandatos com índices superiores a 80% de aprovação popular.

Os conluios de grupos partidários-políticos com a mídia, marcantes na legislação passada de estados importantes - como o de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul - mostraram-se eficazes para sufocar as denúncias de corrupção naqueles governos. Mas foram ineficazes na tentativa de que o povo não tomasse conhecimento da existência da corrupção. Logo, a credibilidade de ambos, mídia e políticos, ficou abalada.

A sensação é de impunidade?

Sim, há uma sensação de impunidade. Alguns bancos já foram condenados devolver milhões de reais porque cobraram ilegalmente taxas dos seus usuários. Isso não é uma espécie de roubo? Além da devolução do dinheiro, os responsáveis não deveriam responder criminalmente? Já pensou se a moda pegar: o assaltante é preso já na saída do banco, e tudo resolve coma devolução do dinheiro roubado...

O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, em recente entrevista à Revista Piauí, disse abertamente: “em 2014, posso fazer a maldade que for. A maldade mais elástica, mais impensável, mais maquiavélica. Não dar credencial, proibir acesso, mudar horário de jogo. E sabe o que vai acontecer? Nada. Sabe por quê? Por que eu saio em 2015. E aí, acabou.(...) Só vou ficar preocupado, meu amor, quando sair no Jornal Nacional.”

Nada sintetiza melhor o sentimento de impunidade que sentem as elites brasileiras. Não temem e sentem um profundo desrespeito pelas instituições públicas. Teme apenas o poder de outro grupo privado com o qual mantêm estreitos vínculos, necessários para manter o controle sobre o futebol brasileiro.

São fatos como estes, dos bancos e do presidente da CBF – por coincidência, um dos bancos condenados a devolver o dinheiro dos usuários também financia a CBF - que acabam naturalizando a impunidade junto a população.

Copiado do sítio do MST, abaixo:http://www.mst.org.br/Por-que-a-populacao-nao-sai-as-ruas-contra-a-corrupcao-mst-responde-globo-nao-publica

terça-feira, 12 de julho de 2011

Boff: Esta crise é a terminal?

27.06.11 – Mundo


Crise terminal do capitalismo?

Leonardo Boff


Teólogo, filósofo e escritor, na Adital, via Elder Pacheco, por e-mail


Tenho sustentado que a crise atual do capitalismo é mais que conjuntural e estrutural. É terminal. Chegou ao fim o gênio do capitalismo de sempre adaptar-se a qualquer circunstância. Estou consciente de que são poucos que representam esta tese. No entanto, duas razões me levam a esta interpretação.


A primeira é a seguinte: a crise é terminal porque todos nós, mas particularmente, o capitalismo, encostamos nos limites da Terra. Ocupamos, depredando, todo o planeta, desfazendo seu sutil equilíbrio e exaurindo excessivamente seus bens e serviços a ponto de ele não conseguir, sozinho, repor o que lhes foi sequestrado. Já nos meados do século XIX Karl Marx escreveu profeticamente que a tendência do capital ia na direção de destruir as duas fontes de sua riqueza e reprodução: a natureza e o trabalho. É o que está ocorrendo.


A natureza, efetivamente, se encontra sob grave estresse, como nunca esteve antes, pelo menos no último século, abstraindo das 15 grandes dizimações que conheceu em sua história de mais de quatro bilhões de anos. Os eventos extremos verificáveis em todas as regiões e as mudanças climáticas tendendo a um crescente aquecimento global falam em favor da tese de Marx. Como o capitalismo vai se reproduzir sem a natureza? Deu com a cara num limite intransponível.


O trabalho está sendo por ele precarizado ou prescindido. Há grande desenvolvimento sem trabalho. O aparelho produtivo informatizado e robotizado produz mais e melhor, com quase nenhum trabalho. A consequência direta é o desemprego estrutural.


Milhões nunca mais vão ingressar no mundo do trabalho, sequer no exército de reserva. O trabalho, da dependência do capital, passou à prescindência. Na Espanha o desemprego atinge 20% no geral e 40% e entre os jovens. Em Portugal 12% no país e 30% entre os jovens. Isso significa grave crise social, assolando neste momento a Grécia. Sacrifica-se toda uma sociedade em nome de uma economia, feita não para atender as demandas humanas, mas para pagar a dívida com bancos e com o sistema financeiro. Marx tem razão: o trabalho explorado já não é mais fonte de riqueza. É a máquina.


A segunda razão está ligada à crise humanitária que o capitalismo está gerando. Antes se restringia aos países periféricos. Hoje é global e atingiu os países centrais. Não se pode resolver a questão econômica desmontando a sociedade. As vítimas, entrelaças por novas avenidas de comunicação, resistem, se rebelam e ameaçam a ordem vigente. Mais e mais pessoas, especialmente jovens, não estão aceitando a lógica perversa da economia política capitalista: a ditadura das finanças que via mercado submete os Estados aos seus interesses e o rentismo dos capitais especulativos que circulam de bolsas em bolsas, auferindo ganhos sem produzir absolutamente nada a não ser mais dinheiro para seus rentistas.


Mas foi o próprio sistema do capital que criou o veneno que o pode matar: ao exigir dos trabalhadores uma formação técnica cada vez mais aprimorada para estar à altura do crescimento acelerado e de maior competitividade, involuntariamente criou pessoas que pensam. Estas, lentamente, vão descobrindo a perversidade do sistema que esfola as pessoas em nome da acumulação meramente material, que se mostra sem coração ao exigir mais e mais eficiência a ponto de levar os trabalhadores ao estresse profundo, ao desespero e, não raro, ao suicídio, como ocorre em vários países e também no Brasil.


As ruas de vários países europeus e árabes, os “indignados” que enchem as praças de Espanha e da Grécia são manifestação de revolta contra o sistema político vigente a reboque do mercado e da lógica do capital. Os jovens espanhóis gritam: “não é crise, é ladroagem”. Os ladrões estão refestelados em Wall Street, no FMI e no Banco Central Europeu, quer dizer, são os sumossacerdotes do capital globalizado e explorador.


Ao agravar-se a crise, crescerão as multidões, pelo mundo afora, que não aguentam mais as consequências da superexploracão de suas vidas e da vida da Terra e se rebelam contra este sistema econômico que faz o que bem entende e que agora agoniza, não por envelhecimento, mas por força do veneno e das contradições que criou, castigando a Mãe Terra e penalizando a vida de seus filhos e filhas.


Copiado do Blog: Vi o mundo - O que você não vê na mídia